Conversa com uma pessoa muito especial em Taruaçu

WALTER WILLY NA VENDA COM MENINO E CÃO  (FOTO EXTRAÍDA DO FACEBOOK)


Esta é a história dessa pessoa simples e agradável que fomos visitar em sua venda no pitoresco e aprazível distrito de Taruaçu.
COM A AMIGO CANTOR E COMPOSITOR JONI LAMMAS NA PORTA DA VENDA (FOTO EXTRAÍDA DO FACEBOOK)

Walter Willy Fávero nasceu em São João Nepomuceno a 26 de dezembro de 1964. Teve uma infância maravilhosa no distrito de Taruaçu, com muito espaço, muitos quintais e muitas crianças e primos com quem brincar. Fez seus primeiros estudos no Grupo Escolar “Dr. Francisco Zágari”, onde foi matriculado em 1972. Em 1976 foi para São João Nepomuceno, sede do município, onde estudou 2 anos na Escola Estadual “Prof. Gabriel Arcanjo de Mendonça” e 2 anos no Instituto Barroso. Em 1980 foi para Juiz de Fora , onde estudou na Academia de Comércio.
WILLY FÁVERO, PAI DE WALTER,  NUMA FOTO DA ÉPOCA EM QUE ERA VEREADOR DE SÃO JOÃO NEPOMUCENO (IMAGEM EXTRAÍDA DO FACEBOOK)

Seu pai era o comerciante e produtor rural Willy Fávero, que também ocupava a função de Juiz de Paz do Distrito de Taruaçu , tendo exercido ainda o cargo de vereador em São João Nepomuceno. Conta-nos Walter que seu pai colocou seu tio Wagner Fávero como  sucessor na Câmara Municipal e que o mesmo veio depois a se eleger para o cargo de Prefeito de São João Nepomuceno. Walter também faz questão de ressaltar que seu pai foi vereador numa época em que o cargo não era remunerado, e sim exercido simplesmente pela vontade de ajudar a comunidade a crescer.
NIVALDA GOMES FÁVERO , MÃE DE WALTER WILLY (IMAGEM EXTRAÍDA DO FACEBOOK)

 Já sua mãe, Nivalda Gomes Fávero, foi Agente Postal dos Correios em Taruaçu, mas também era exímia costureira, produzindo belíssimos vestidos de noiva. E como se não bastasse, no final da vida transformou-se em bordadeira, sendo famosas suas toalhas e centros de mesa. Era uma pessoa muito caridosa e pertencia à Sociedade São Vicente de Paulo.

“Willinho”, como é carinhosante chamado pelos amigos, nos diz, sobre suas melhores recordações: “no tempo da infância todos os meus primos moravam em Taruaçu e nós passávamos as tardes brincando de jogar bola em frente à igreja,assim como de pique, roda e queimada. Também ajudava na venda do meu pai. Na quinta-feira era o dia da matança do porco, quando todos os empregados das fazendas vinham para fazer as compras, levar toucinho.Dava movimento o dia inteiro. Na década de 1970 a população rural era muito grande em Taruaçu, havia fazendas com mais de vinte casas de colonos e o comércio era intenso. Varais de aves, cestos com ovos, circulavam pelas estradas. Às quintas-feiras vinham várias Kombis e outros veículos para comprar essa produção”.

Um fato interessante que aconteceu na vida de Walter Willy em São João Nepomuceno foi que , aos 11 anos, começou a estudar violão com o professor Rogério. Ele sempre gostou de música e teve uma facilidade enorme para aprender. Em poucos meses já conseguia cifrar músicas sozinho e começou a compor, mas continuava sempre estudando violão. Diz ele: “Nessa época comecei a comprar discos e o meu primeiro foi dos Beatles: “Oldies but goldies”. Em Juiz de Fora passei a dar aulas de violão e muitos dos alunos me pagavam com LP’s”.
WALTER COM ALGUNS DE SEUS DISCOS (FOTO EXTRAÍDA DO FACEBOOK)

E continuando a narrativa da história de sua vida Walter diz: “ em 1982 passei no vestibular para Engenharia Civil, na UFJF. Tinha facilidade para matemática, mas não gostava muito do pessoal das ciências exatas, achava umas pessoas muito frias, muito científicas e não me identificava muito com elas. Um professor especial me fez desistir do curso.Com a morte do meu pai, em 1991, abandonei a faculdade e voltei para Taruaçu, para cuidar da venda e do gado, junto com meu irmão César Fávero. Paralelamente à faculdade eu comecei a mexer com música.Ganhei alguns festivais em Juiz de Fora e fundei a Banda “Dois Cruzeiros de Bala”, que fez história no rock juizforano. A Banda certamente atrapalhou minha carreira universitária. O fato de eu ter entrado muito jovem na faculdade deve ter influenciado na minha irresponsabilidade e também por não saber muito bem o que eu queria ainda. Foi uma fase em que eu estava muito perdido, dos 19 até os 25 anos. Depois resolvi trabalhar e deixar de ser artista.”

Hoje “Willinho” leva uma vida tranquila, vai a São João quase todo dia, fazer compras para a venda, lê muito, estuda e ouve música quase todo o tempo. Acha que escolheu esse tipo de vida porque assim pode estar sempre absorvendo cultura. Nesse momento ele lembra aquela música do Zé Rodrix: “Eu quero uma casa no campo” e diz: “pois é, vivo essa vida onde eu possa plantar meus amigos, meus livros, meus discos e nada mais”. E completando, ao perguntarmos sobre sua ligação com a Psicologia, ele afirma: “ a Psicologia, que cursei no SES/JF, entre 1999 e 2004, me ajudou muito a me conhecer e a respeitar as pessoas.A primeira função da Psicologia, para mim, é o autoconhecimento. Através dela descobrimos que não somos perfeitos, as nossas limitações, os nossos mecanismos de defesa, da negação, da projeção. O descobrimento da grande ferida narcisística da humanidade, que é saber que é o inconsciente que nos governa, nos faz ser mais tolerante com todos”.

O que nos diz Walter Willy sobre animais e plantas:

GATAS DE WALTER WILLY, NAS QUAIS ELE COLOCOU OS SUGESTIVOS NOMES DE "FLOCON DE NEIGE" E "MEPHISTA".

“Sempre tive muitos gatos, cachorros e galinhas, principalmente garnizés, que eu amava. Quando eu tinha uns 9 anos meu pai comprou para mim a coleção “Os Bichos”,que era maravilhosa, com desenhos e textos fantásticos. Essa coleção tinha uma preocupação pela ecologia, pelos animais que estavam em extinção, lançava uma preocupação nos leitores, pedindo uma era que desse lugar para os seres mais frágeis. Essa publicação com certeza influenciou muito o meu amor pelos animais. Agora, as plantas, todos os meus avós eram apaixonados por quintais e jardins. Meu bisavô Francisco Delage, que era francês, tinha fama de não gostar de trabalhar por só cuidar de flores e jardins (quem tem sabe que dá muito trabalho). Uma frase famosa do meu bisavô era: “afasta de gente que não gosta de criança, animais e plantas”.Minha avó Irene Fávero,já com 80 anos, plantava uma laranjeira e um empregado disse para ela: “Dona Irene, a Senhora não vai ver essa laranjeira dar frutos”. Ela respondeu: “ Não tem problema. Outros virão e provarão esses frutos. Essas aqui que nos rodeiam também não fui eu que plantei. Alguém que já morreu plantou para a gente e assim a vida segue”.

“Willinho” , sua venda e a paixão por Taruaçu

“Gosto muito da minha venda porque tem sempre gente para conversar e trocar experiências. Aqui posso encontrar meus amigos que sempre vem para ouvir uma boa música e bater um bom papo. Muita gente vem aqui também pegar livros emprestados. “A vida é uma paisagem que me atinge de passagem” (Cora Coralina). Eu estive uma época em São Paulo, trabalhando com um amigo em um estúdio onde gravavam comerciais. Meu amigo fazia trilhas sonoras para os comerciais. Aquilo para mim é que era loucura, mas muita gente achou que eu estava ficando louco ao preferir morar em um lugar em que teoricamente não tinha nada. Eu respondi que  esse é o “NADA” que eu procuro: o ar puro, o poder ouvir o silêncio, o som do mato, dos pássaros, estar comigo mesmo, longe da vaidade e da ganância e principalmente de seguir o “Deus Dinheiro”, cuja “igreja” são os Bancos.”

Em breve, nosso amigo Walter Willy estará inaugurando o seu tão sonhado Museu do Disco de Taruaçu, que também abrigará uma bem sortida biblioteca, cuja utilização será disponibilizada ao público.
ESTES SÃO APENAS OS DISCOS "LETRA A" DO ACERVO DO MUSEU DO DISCO DE TARUAÇU (MDDT). (FOTO EXTRAÍDA DA INTERNET)

 Por tudo o que foi aqui relatado é que concluímos que seria muito interessante, essencial mesmo, tornar pública essa nossa CONVERSA COM UM TARUENSE MUITO ESPECIAL, dono de uma simplicidade e simpatia que poucas pessoas têm o privilégio de possuir.

                                            Por Nilson Magno Baptista



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